segunda-feira, 29 de agosto de 2011

F de Fidelidade - O Abecedário de Gilles Deleuze

Texto apresentado à disciplina de Filosofia:


F de Fidelidade - O Abecedário de Gilles Deleuze

Deleuze diz que não há fidelidade e transpõe o foco da Fidelidade para a Amizade, dizendo inclusive que o termo fidelidade foi usado apenas como conveniência, já que o A já havia sido preenchido.

Para ele, amizade é se entender sem precisar explicar, como com alguém que lhe diz as coisas mais complicadas do mundo e, mesmo assim, a você é possível compreender por completo. Daí se dá a amizade, não pela existência de ideias em comum. Cada pessoa possui determinado charme em sua personalidade, algo que atrai as demais, e a amizade acontece a partir da percepção desse charme, sendo que cada indivíduo está apto a entender certos tipos de charme, mas nenhum consegue entender todos ao mesmo tempo, vindo daí o fato de não sermos amigos, ou fiéis, a todos. Deleuze dá como exemplo o uso de determinadas frases, as quais ditas por alguma pessoa que possui o charme para tanto, faz com que você a perceba como sua amiga. Seguindo esse exemplo, a amizade torna-se o decifrar de signos. Alguém emite um signo e nós o captamos ou não, e a amizade é ser sensível a tais signos.

Deleuze compara suas amizades com outros filósofos à algumas duplas comediantes, como, por exemplo, o Gordo e o Magro, e terminar por chegar na questão da própria filosofia, da etimologia da palavra, sobre a qual diz que o filosofo não é um sábio, não detêm a sabedoria, mas é sim um amigo dela, o filosofo é um pretendente da sabedoria.

Percebe-se também que abandonou o tema inicial, a Fidelidade propriamente dite, ao falar que se deve desconfiar inclusive do amigo, mas é uma desconfiança que é superada pela amizade, na qual não importa o que seja feito, os amigos terminarão sorrindo juntos, daí a amizade ser maior do que a fidelidade.

Para continuar atento ao assunto, é usada a amizade de Deleuze com Foucault como exemplo, sobre a qual ele diz que se arrepende por não ter tentado, uma vez que o percebia com muito respeito, ao considerar Foucault um homem que possuía a capacidade de mudar a atmosfera de um ambiente ao adentrá-lo. Mas mesmo apesar de tais fatos, é com Foucault que é demonstrada como pode funcionar uma verdadeira amizade, na qual não há necessidade de falar com o amigo, falando apenas de coisas que os fazem rir. Diz que ser amigo é ver a pessoa e pensar o que os farão rir juntos naquele momento. Aproveita também o nome de seu amigo para retomar o “charme”, dizendo, por fim, que o verdadeiro charme surge quando as pessoas perdem as estribeiras, não sabendo bem em que ponto estão. As pessoas com charme não se destroem nesse momento de loucura, mas é justamente nele que é possível captar o que fará você amá-la. Deleuze termina por dizer que, para ele, o estado de demência e loucura de alguém pode assustar, mas que ele fica feliz em constatar que é justamente daí que surge o charme de cada um.

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